21 setembro 2010

3ª Lição - Arte/Techne em Homero, Safo e a Beleza na Tragédia

BELEZA

Havia contudo uma clara concepção de beleza e de arte que orientava a sua prática artística.
O conceito de BELEZA – KALOS tinha um significado vasto: significava tudo o que agrada, atraí e provoca admiração
A palavra belo era aplicada a uma multiplicidade de possibilidades variada: Instrumentos humanos, obras de arte, natureza, valores morais, etc…
“O mais justo é o mais belo” Oráculo de Delfos

ARTE - TECHNE

Os Gregos tinham também um significado muito lato para a palavras Arte (Techne)
Aqui estavam incluídas todas as produções humanas, da carpintaria à arquitectura.
O significado de Techne é o de produção humana por oposição à natureza
Tecne era considerada uma actividade mental e por isso um produto do conhecimento
No início não se fazia a distinção entre Artesanato e Belas Artes

Arte e Poesia

Para os gregos antigos, música e poesia eram classificados noutra categoria de actividades, com uma definição mais próxima do que consideramos hoje em dia arte.
Tratava-se de actividades que não resultavam apenas de uma habilidade aprendida, mas de talento pessoal e da inspiração. Além disso, muitas esculturas tinham uma finalidade meramente religiosas. Não eram vistas como obras de arte.

A Poesia era para os gregos uma manifestação artística que não cabia na categoria da Techné, isto é, não depende de canons nem de leis universais, mas sim da Inspiração.
Tecné era uma espécie de produtividade associada a tipos de destreza.
Poesia era uma criação interna que depende da inspiração dada por poderes divinos.

Para os Gregos a Poesia estava acima de todas as artes. Havia Musas para todas os tipos de poesia: lírica, elegíaca, erótica, tragédia, comédia, relacionadas com estas surgiram também musas associadas à música e à dança, artes que sempre estiveram associadas à poesia, mas nunca houve Musas de Artes Visuais.


AS 9 MUSAS

Calíope- Bela voz- Eloqüência-Tabuleta e buril
Kleio- A Proclamadora- História- Pergaminho parcialmente aberto
Erato- Amável- Poesia Lírica- Pequena Lira
Euterpe- A doadora de prazeres- MúsicaFlauta-
Melpômene, A poetisa- TragédiaUma máscara trágica, uma grinalda e uma clava
Polímnia- Polyhymnia- A de muitos hinos- Música Cerimonial (sacra)- Figura velada
Tália,Thaleia- A que faz brotar flores- Comédia- Máscara cómica e coroa de hera ou um bastão
Terpsícore, A rodopiante- DançaLira e plectro
Urânia, A celestial- Astronomia, Globo celestial e compasso

POESIA

Os primeiros prenúncios da Estética fizeram-se sentir na Poesia, antes de qualquer texto teórico ou filosófico
Os primeiros poetas gregos colocaram questões, que no fundo foram mais tarde as grandes questões da Estética.
Ex. Qual a origem da Poesia?; Qual o valor da Poesia?; O discurso poético expressa a Verdade? etc…

PERÍODO MITOLÓGICO- POÉTICO

Período Mitológico- Poético
Período Pré-Socrático, representado culturalmente sobretudo por poetas
Na poesia o adjectivo kalos, surge com frequência. Por ex.:
Hésiodo: “Quem é belo é querido, quem não é belo não é querido”
A “Beleza” inicialmente não tem um estatuto autónomo, surge associada a qualidades morais, como a justiça, ou a bondade


HOMERO

Foi o primeiro grande poeta grego do género épico cuja obra chegou até nós. Teria vivido e morrido no século VIII a.C.
Pelo século VIII a. C. aparecem as epopeias inspiradas na lenda da Guerra de Tróia: a Ilíada e a Odisseia. Segunda o tradição, o seu autor é Homero, poeta cego e nómada cuja actividade literária se baseia nas tradições orais, transmitidas de geração em geração, sobre as expedições gregas a Tróia (no Noroeste da Ásia Menor).

Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero (Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas.
A Poesia precede o pensamento racional e estruturado que caracteriza a Filosofia ou a Estética.
Neste período o pensamento dominante é o mitológico e a Poesia é a sua mais elevada expressão
A poesia expõe pela primeira vez na Grécia Antiga o pensamento estético


Em Homero a fonte da Beleza é a natureza (Belo Natural)
Depois da Natureza, refere-se a mulheres e também aos homens
Em Homero há uma ligação entre o Belo e o Útil: Talvez tudo o seja belo seja útil, mas nem tudo o que é útil é belo
ex.: As terras belas não são belas por causa das sementeiras mas por causa da cor das searas

Ex.: “O adolescente é sempre Belo, tudo lhe fica bem, mesmo na morte, tudo nele é belo”
Em Homero o belo aparece associado ao Bem, à Conveniência e ao decoro.
Conveniência: É uma harmonia entre o humano, o meio e os seres

Temas estéticos em Homero

De onde vem a poesia?
Vem das musas, dos Deuses
- Qual é o objectivo da Poesia?
É espalhar a alegria, a fruição e o encanto entre os humanos
-Qual o efeito da poesia nos seres humanos?
A poesia é como um feitiço, um encantamento
-Para Homero a poesia não é vista como uma arte autónoma, mas como um privilégio que vem dos deuses.

Porque é que Homero faz questão de atribuir às Musas e não a si próprio a capacidade de produzir o memorável?
Homero relata-o a lenda, do poeta Támiris, o Trácio. Atribuindo a si próprio a genialidade dos seus poemas, Támiris desafiou as Musas para um duelo. Tendo sido derrotado, as Musas lhe tomaram o talento e a visão.
O poeta faz questão de depender das Musas porque tal associação o enobrece.
Ele considera-se o discípulo e o favorito dos deuses. Assim, de certo modo, é como se deles descendesse.
Homero faz Ulisses declarar que "entre todos os homens da terra, os poetas merecem honra e respeito, pois a eles a Musa, que ama a raça dos poetas, ensinou".


•Com isso, o poeta conquista a liberdade de cantar, nas palavras de Telémaco, na "Odisseia", "por onde quer que a mente o conduza".
•Se não tivesse sido atribuída origem divina às palavras do poeta, elas jamais teriam conquistado semelhante liberdade.
Quem legitima a liberdade do poeta são as Musas, mas quem garante a existência das Musas é o poeta.
A evidência de que as Musas possuem o poeta é sugerida pelos versos nos quais o poeta Teógnis afirma que as Musas cantavam "um belo poema: o belo é nosso, o não belo não é nosso".


A beleza dos poemas é prova de sua origem divina, e sua origem divina legitima a liberdade do poeta.
Por direito, seus poemas são belos por serem divinos; de facto, porém, são divinos por serem belos.
O objectivo do poeta não é fazer o poema "verdadeiro", mas fazer, por onde quer que – sua Musa – o leve, o poema inesquecivelmente belo, o poema memorável pela sua beleza; e a primeira exigência do seu público não é escutar um poema "verdadeiro", mas um poema cuja origem se encontre na dimensão da divindade ou seja, um poema que lhe dê prazer estético, pois o "cantor divino" é, como se lê na "Odisseia", aquele que "delicia ao cantar".
Uma vez que o puro esplendor e beleza do poema constitui a prova da sua autoria divina, nele as considerações morais ou religiosas estão subordinadas a considerações estéticas.

Para Homero os poetas tinham uma tarefa divina:
“A sabedoria dos poetas vem das Musas” Íliada, II, 484
“A poesia é mais durável que a vida” Odisseia, VIII, 578

Poesia Lírica

A Poesia lírica nasceu na Grécia antiga acompanhada de instrumentos musicais como a Lira e a Flauta, nos versos de Safo e Alceu
Há poetas líricos Eróticos, Heróicos e Elegíacos

Com os poetas líricos a beleza vai-se tornando individual e humana
Ex. A Beleza é a juventude” Safo
A beleza aplica-se também ao som da harpa, da lira e à arte no geral enquanto produto humano.
Para os poetas líricos há uma antropomorfização da Beleza. Por ex. As paisagens tornam-se estados de alma




SAFO

A Poesia lírica nasceu na Grécia antiga acompanhada de instrumentos musicais como a Lira e a Flauta.
Safo foi uma poetiza grega que viveu no ano 600 a. C..viveu na cidade Lesbos de Mitilene, acivo centro cultural no século VII a.C.. Nascida algures entre 630 e 612 a.C., foi muito respeitada e apreciada durante a Antiguidade, sendo considerada "a décima musa“ por Platão.
Safo era comparada a Homero em plena Antiguidade


Still holding in that fearful leap
(By her loved lyre) into the deep
And dying, quenched the fatal fire
At once, of both her heart and lyre”
Thomas Moore, Evenings in Greece,1826

Ainda em queda nesse salto temeroso
(Pela sua amada lira) dentro das profundezas
E ao morrer, apagou o fogo fatal
do seu coração e da sua lira, por um único golpe.


A sua poesia, devido ao conteúdo erótico, sofreu censura na Idade Média por parte dos monges copistas,que mandaram queimar a sua obra e o que restou foram escassos fragmentos.
Contavam que se tinha suicidado saltando de um precipício na ilha de Leucas, apaixonada pelo marinheiro Faonte - facto que é descrito também em Menandro, Estrabão e Ovídio.
Não há consenso de que isto seja verdade. Escritos sobreviventes atestam que Safo teria atingindo a velhice, e o certo é que não se sabe como nem quando ela morreu, sendo considerada por alguns a maior de todas as poetisas.


“Um homem belo, só o é na aparência. O homem bom será igualmente belo.”
“A morte é um mal. Foi assim que os deuses o entenderam; de contrário, seriam mortais”.
"Safo era maravilhosa pois em todos os tempos que temos conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético." Estrebão

SAFO - Citações


Sappho de Charles Mengin 1877


Para Anactória
A mais bela coisa deste mundo para alguns são soldados a marchar, para outros uma frota; para mim é a minha bem-querida.
Fácil é dá-lo a compreender a todos: Helena, a sem igual em formosura, achou que o destruidor da honra de Tróia era o melhor dos homens,
e assim não se deteve a cogitarem sua filha nem nos pais queridos: o Amor a seduziu e longe a fez ceder o coração.
Dobrar mulher não custa, se ela pensa por alto no que é próximo e querido. Oh não me esqueças, Anactória, nem aquela que partiu:
prefiro o doce ruído de seus passos e o brilho de seu rosto a ver os carrose os soldados da Lídia combatendo cobertos de armadura.

“Um homem belo, só o é na aparência. O homem bom será igualmente belo.”
“A morte é um mal. Foi assim que os deuses o entenderam; de contrário, seriam mortais”.
"Safo era maravilhosa pois em todos os tempos que temos conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético." Estrebão






A Beleza na Tragédia

A Tragédia é o apogeu do pensamento pessimista.
Representação da angústia e do desvario humano bem como do espírito da justiça e vitória da Razão.
Apolo / Diónisos
Racional e Irracional
A literatura grega reúne três grandes tragediografos, cujos trabalhos ainda existem: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes
Ésquilo: vulnerabilidade do humano: o Prometeu Agrilhoado
Sófocles: O homem é fraco e submetido à necessidade. Ex. O Rei Édipo
Sófocles: Celebra a grandeza moral do ser humano.
Ex. “Nada é mais belo do que morrer pelo nosso dever” Antígona

A Tragédia desvela o drama da humanidade: o ser humano face às forças do universo que ele não domina
O sofrimento humano vivido com dignidade
Aristóteles define a Tragédia como uma representação de uma Acção grave com uma certa extensão e completa, com actores a agir e não a narrar, a qual inspira pena e terror, operando a catarse dessas emoções.

2ª Lição - Análise e reflexão crítica da obra de Marcel Duchamp


 Marcel Duchamp – A Fonte, 1917 





n“Em 1913 eu tive a feliz ideia de fixar uma roda de bicicleta a um banco de cozinha e ficar a vê-la rodar…Em N. Y., em 1915, comprei numa loja de ferragens uma pá para a neve na qual eu escrevi “em antecipação ao braço partido”. Foi por essa altura que a palavra readymade me veio ao espírito para designar esta forma de manifestação. Um ponto que eu desejo frisar é que a escolha destes readymades nunca foi ditada por deleite estético. A escolha baseou-se numa reacção de indiferença visual e, em simultâneo, com uma total ausência de bom ou mau gosto…” Duchamp apud VVAA Arte do séc. XX, vol. II,  Taschen, 2005.
É evidente que Duchamp nunca se preocupou em desenvolver algo belo, mas antes algo de subversivo.
nReadymade art: tirar um objecto produzido em massa do seu contexto e dar-lhe o sentido de obra de arte sarcástica simbólica
nAntes de Marcel Duchamp  a tornar  na obra de arte  mais influente do século XX a Fonte era só mais um urinol.
nDe forma irónica, o artista criticou e abalou os conceitos de arte da sua sociedade.

nA partir do momento em que Duchamp retirou aquela simples coisa do quotidiano e a colocou numa exposição, este deixou de ser aquele objecto funcional, passando a ter um significado artístico (sem utilidade prática).
nMarcel Duchamp deixará um legado muito mais relevante do que foi ele próprio enquanto artista.
nDuchamp procede de uma herança pós renascentista que faz o elogio da supremacia da criação intelectual.
nEste artista radicaliza a frase de Leonardo “A Pintura é uma coisa mental” ao apropriar um objecto do quotidiano e dispensar a dimensão de ordem técnica, do trabalho manual ou transformação física.
nAo prescindir da natureza técnica e artesanal a arte realizaria ao fim de mais de 5 séculos a sua derradeira aspiração:
nA obra de arte entendida como coisa mental ou conceptual.
nQuando a obra de arte se desliga das dimensões técnicas e de toda a tradição cultural ligada à arte, como pode o espectador comprender, reconhecer o que é a arte?
nTerá sido Duchamp que desencadeou o fim da arte, ou uma alteração profunda no mundo das artes já estaria a acontecer e Duchamp deu-lhe visibilidade?
nSem o Cubismo e o futurismo não haveria Duchamp….
nO READY-MADE é uma crítica à tradição artística, à qual está vinculada. Este tipo de arte foi a forma que este artista encontrou de se distinguir radicalmente da pintura do seu tempo.
nFoi a sua afirmação individualizada da morte da pintura.
nAo abandonar a pintura e a tradição da representação narrativa, ostenta o fim da arte.
nDuchamp protagoniza uma morte simbólica da pintura, em parte como resultado da perda da sua importância pelo advento da fotografia
nO ready made surge vinculado a uma tradição com a qual não parece à partida estar ligada.
nSem o modernismo e a sua recusa dos modelos clássicos e a sua exigência de novidade, não haveria ready made.
nNo ready made o acto criador é um acto de negação.
nComo é que o fim da arte pode constituir condição de existência da própria arte?
nColoca-se a questão da identidade da arte. Qual é o modelo ontológico para a arte contemporânea?
nDuchamp dissocia a identidade da obra de arte da sua produção técnica e assim o processo de mediação, a tela, transforma-se numa mera realidade cultural
nA determinação decisiva é a mental, a conceptual.
nA Fonte 1917, foi o ready made mais paradigmático e foi o primeiro a obter a atenção do público.
nA fonte não é um “puro” ready made, não só sofreu algumas modificações pela mão de Duchamp, como também é um objcto escolhido com o propósito de chocar.
nUm urinol está revestido de uma carga semântica que não é indiferente…a sua escolha não foi arbitrária
nO trabalho de Duchamp é também uma crítica e um questionamento à tradição mimética da arte.
nDepois de se apropriar de um objecto utilitário o ready made adquire uma inutilidade estética mantendo ainda assim as suas características formais.
nDestituir de função e de utilidade um objecto é neste caso, dar-lhe uma função estritamente estética.


Brillo Boxes, Andy Warhol, 1964
“What Warhol taught was that there is no way of telling the difference [between art and non-art] merely by looking.”        Arthur Danto 
nA diferença não é visivel ao olho, a diferença é filosófica. Essa é a função da arte, hoje em dia, ocupar o lugar da filosofia da arte: pôr em reflexão…”
                                  

2ª Lição - A Antiguidade: Origem da reflexão acerca das artes visuais



O pensamento grego associava a arquitectura, a escultura e a pintura, e por sua vez estas estavam desligadas da Poesia, da música e da dança.
As primeiras produziam objectos visíveis, alvo de contemplação





As artes visuais na Grécia Antiga estavam marcadas por uma obediência a regras formais, mais do que à imaginação ou à inspiração. As regras e canons são absolutos, definidos não à priori, mas sobretudo como consequência da arquitectura.
Variantes estilísticas: a expressão "ordem dórica", refere-se aos componentes padronizados do templo dórico, típico da Grécia continental. A " ordem jónica" fundiu-se mais nas povoações gregas da Ásia Menor e do Egeu. A "ordem coríntia", de colunas encimadas por folhas de acanto estilizadas, desenvolveram-se bem mais tarde e só passaram a ser amplamente usadas em exteriores na época dos romanos.
Neste período arcaico não há qualquer texto que reflicta acerca da produção artística, apenas textos de carácter proto-científico e poético









Pintura em cerâmica

A pintura em vasos contava histórias de deuses e heróis da mitologia grega ou narrava eventos contemporâneos, como as guerras e as festas.
O mais antigo (c. 800 a. C) era chamado estilo geométrico porque as figuras e os ornamentos tinham formas basicamente geométricas.
O Período Arcaico tardio foi a época áurea da pintura em cerâmica. No estilo de figura negra, adoptado no final desse período, as figuras destacavam-se em negro contra fundo avermelhado.

 
A história recorda poucos nomes de pintores do período arcaico, como Cleantes de Corinto, Boularcos e Cimon, mas só podemos especular como teria sido a sua produção.
Alguns vestígios da pintura daquele período são encontrados em murais de Ístmia, em Métopes de Thermon e em algumas placas de madeira e cerâmica encontradas em Corinto e Atenas.
Apeles


 
“ Para a disputa, Zeuxis pintou um cacho de uvas. Quando mostrou o quadro, dois passarinhos imediatamente tentaram bicar as frutas. Zeuxis então pediu que Parrasio desembrulhasse seu quadro. Este então revelou que na verdade era a pintura que simulava a embalagem do quadro. Zeuxis imediatamente reconheceu a superioridade de Parrasio, pois se tinha enganado os olhos dos passarinhos, este tinha enganado os olhos de um artista.”
Plínio, o Velho, História Natural, Livro XXXV, IV
Conta-se que havia uma rivalidade semelhante entre Zeuxis e Apeles Um episódio semelhante ao anterior a caracteriza: Zeuxis tenta afastar uma cortina que tapava uma pintura de Apeles, e aí percebe que a cortina era a própria pintura, acando por reconhecer a superioridade de Apeles.
Destas lendas o que se pode destacar é essencialmente o carácter Mimético da Arte. Quanto mais fiel à realidade, maior qualidade era atribuída à obra de arte Chegando ao ridículo de enganar os passarinhos ou os olhos treinados de um pintor

BELEZA IDEAL

Outra fábula conta que Zeuxis para uma obra representando Helena de Tróia, implorou às cinco jovens mais belas da cidade de Crotona que o permitissem pintar o mais belo em cada uma delas. Desta forma parece ter inaugurado um método para representar a beleza ideal que mais tarde converter-se-ia num lugar comum da teoria estética, e que é a primeira fuga à mimesis absoluta




Arte - Techne

As artes plásticas na Grécia antiga tinham, basicamente, duas funções: decorar a arquitectura e pedir ou agradecer aos deuses.
Na tradição grega não existia diferença entre os conceitos de arte e técnica. Tanto em grego como em latim, a mesma palavra era utilizada para o trabalho em escultura, olaria, joalharia, pintura. O mesmo termo significava produção humana, técnica, habilidade, uma espécie de conhecimento técnico e também estava associado ao trabalho, à profissão.
no artesão era aquele que executava um trabalho, buscando a perfeição, o conhecimento. Segundo esse conceito, a "arte" era uma habilidade que poderia ser aprendida e aperfeiçoada.
Para os gregos antigos, música e poesia eram classificados noutra categoria de actividades, com uma definição mais próxima do que consideramos hoje em dia arte.
Tratava-se de actividades que não resultavam apenas de uma habilidade aprendida, mas de talento pessoal e da inspiração. Além disso, muitas esculturas tinham uma finalidade meramente religiosas. Não eram vistas como obras de arte.

A Poesia era para os gregos uma manifestação artística que não cabia na categoria da Tecné, isto é, não depende de canons nem de leis universais, mas sim da Inspiração.
Tecné era uma espécie de produtividade associada a tipos de destreza
Poesia era uma criação interna que depende da inspiração dada por poderes divinos.

Para os Gregos a Poesia estava acima de todas as artes. Havia Musas para todas os tipos de poesia: lírica, elegíaca, erótica, tragédia, comédia, relacionadas com estas surgiram também musas associadas à música e à dança, artes que sempre estiveram associadas à poesia, mas nunca houve Musas de Artes Visuais.

Os primeiros prenúncios da Estética fizeram-se sentir na Poesia, antes de qualquer texto teórico ou filosófico
Os primeiros poetas gregos colocaram questões, que no fundo foram mais tarde as grandes questões da Estética.
Ex. Qual a origem da Poesia?; Qual o valor da Poesia?; O discurso poético expressa a Verdade? etc…

Período Mitológico- Poético
Período Pré-Socrático, representado culturalmente sobretudo por poetas
Na poesia o adjectivo kalos, surge com frequência. Por ex.:
Hésiodo: “Quem é belo é querido, quem não é belo não é querido”
A “Beleza” inicialmente não tem um estatuto autónomo, surge associada a qualidades morais, como a justiça, ou a bondade
Hesíodo
Poeta- séc. VII a.C.
Hesíodo foi trabalhador rural e um célebre poeta da época.
Das suas obras destaca-se Teogonia (obra de carácter cosmológico) e Os Trabalhos e os Dias (Obra de preocupação Histórica). Em Hesíodo há um esforço de pensamento racional, sustentado pela causalidade que abre portas para as Cosmogonias posteriores.

Na obra de Hesíodo o adjectivo “Kalos” (Beleza), é atribuído à mulher, assim como a divindades mitológicas.
O adjectivo Belo, é também atribuído ao Mar e tudo que como ele se possa relacionar
Beleza: Afrodite, Nereidas, Oceânides, Tétis, Hespérides
O mar é um elemento familiar e central para os gregos.
O mar sintetiza a linha ondulada, considerada a mais bela
Em Hesíodo a Beleza é um atributo humano e do mar
Belo é aquilo que impressiona os olhos pela sua harmonia.
Tomem-se mitos como Afrodite, soberana suprema da beleza, nascida da espuma do mar; Helena de Tróia motivo de sangrenta guerra de dez anos; Psiquê, que cativa o próprio Eros;
A Beleza e o Mal inevitável
Não menos interessante é divagar sobre a dualidade da beleza, sua natureza formada do caos e da ordem, o bem e o mal residindo na harmonia das formas. Ao mesmo tempo, a delícia e o sofrimento dos homens, o inferno e paraíso, como nos ensina esta mitologia e os antigos poetas que a cantaram.
Zeus, ficou furioso ao ver que Prometeu havia devolvido o fogo à humanidade. Assim, ele decide fazer os homens pagarem pelo Fogo enviando o "Mal inevitável" à humanidade. Cria, então, uma jovem de beleza perfeita e irresistível, Pandora, a primeira mulher, que deixa todos fascinados com seu incurável encanto...

Mas Pandora abre inocentemente a tampa de uma caixa proibida e assim deixa escapar todas as misérias que afligem os homens, por exemplo: trabalho, tristezas, doenças, finitude.
Apenas a Esperança foi deixada dentro da caixa quando Pandora fecha rapidamente a tampa. A Terra, então, povoou-se de coisas más e sofrimentos trazidos por Pandora, que ao mesmo tempo preserva para a humanidade um único antídoto: a Esperança.
Zeus havia, por fim, mostrado aos homens que a vida seria eternamente um alternar de coisas boas e coisas más, o sofrimento seria parte inerente da existência. O Mal, na sociedade grega primitiva, é principalmente o trabalho, a dura sobrevivência, a dor. A dificuldade do sustento.
"Eu vou dar-lhes o Mal em troca do fogo, um mal para eles amarem e abraçarem" (Hesíodo, Trabalhos e Dias 43-58). E este mal vem em forma de beleza, algo que prende o olhar, o "lindo mal", atraente, da qual ninguém poderá escapar.
“A mulher (Pandora) é um mal belo” - Kalon Kakon



Hesíodo

Relação entre o Belo e o Bem, o Bem e o Útil
Para ser um Bem tem de ser Útil
Tudo o que é Útil pressupõe um meio para atingir um fim
ex.: o fogo é um bem, na medida em que é útil, uma vez que serve para cozinhar, aquecer, etc…
Tenta-se alcançar o Bem porque é útil, faz-se um esforço para alcançar o Bem
O Belo, não é Útil, no sentido em que não é um meio para atingir um fim. Não há um esforço para atingir o Belo, há contemplação passiva e imediata da sensibilidade emocional

“Observa a moderação: em tudo o justo-meio é o melhor” Os Trabalhos e os Dias, 694
Esta regra que era aplicada à conduta moral, acabou por ser adoptada como princípio estético do período grego. A Beleza está sempre associada a outros valores como a “medida” e a “conveniência”
Hesíodo afirmava que as suas musas diziam muitas mentiras em vez de verdades

A mulher é um instrumento poético de ruptura entre os deuses e os humanos
“Em vez do fogo, dar-lhes-ei um mal com que todos se vão regozijar em seu coração, ao rodear de amor o mal.” Teogonia- 570-612
A descrição da criação de Pandora é feita de forma artística e escultórica
Hefesto é o escultor que cria Pandora a partir da terra e da água
Imagem mais tarde usada no Génesis: Deus Artifex

Hesíodo e as MUSAS

A origem Divina da Poesia não está necessariamente relacionada com a Verdade, mas sim com o Verosímil:
No início da sua Teogonia, Hesíodo clama pelas suas musas inspiradoras, são elas que ensinam a Hesíodo o belo canto e que pelas suas palavras afirmam:



“Sabemos contar muchas mentiras que parecen verdades, y sabemos tambíen, cuando queremos decir esas verdades.”
1- Hesíodo- La Teogonia; Los Trabajos y los Dias; El Escudo; Madrid: Libreria Bergua, s.d., pág.
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16 setembro 2010

1ª Lição - O que é a Estética? A Estética do período Clássico
































ESTÉTICA
No domínio da Filosofia, o termo Estética designa Teoria acerca da Arte.
A Estética Filosófica analisa a experiência estética em geral, as diferentes concepções filosóficas de beleza e os diversos modos de conceber a arte, enquanto actividade humana fundamental.
Etimologicamente Estética deriva do grego Aísthesis, que significa sensação, experiência sensível. A dimensão sensorial da experiência estética não impede a mobilização de uma componente cognitiva e racional.
A experiência estética não se pode reduzir a uma vivência sensorial.
nPorque será que existem coisas, naturais ou artificiais que nos causam admiração, atracção, repulsa?
nEstética, do termo grego Aisthesis, é precisamente isso, essa sensação perante o que é belo, o que é agradável, o que é sublime, etc

A Estética estuda o juízo e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenómenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a ideia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes.
Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo o grotesco.
A estética do período clássico parece concentrar-se na categoria da Beleza, na Harmonia, naquilo que produz uma sensação de prazer, comprazimento,
Mas a estética ocupa-se de muito mais, também da dor, do sofrimento, da dor que causa prazer, ou do prazer que causa dor, do feio, do asqueroso, etc.
Ex. obras de arte que politicamente comprometidas (Arte Contemporânea de protesto) pretendem chamar a atenção para determinada realidade através do horror

Teresa Margolles- Catafalco / 2005/ Adesão de matéria orgânica a gesso


Marina Abramovic, Balkan Baroque I, 1997
(performance que denuncia as atrocidades da guerra dos Balcãs recorrendo a partes de corpos de animais mortos)




A estética sobretudo a partir dos anos 60 do séc. XX “fartou-se” da categoria da Beleza, que se teria convertido num valor burguês e quase numa proximidade entre a arte e a decoração, e passou a usar outras formas de comunicar por vezes subversivas.
Nos anos 90, por ex. até a Beleza pode ser subversiva  e não apenas o feio ou o asqueroso, como no seguinte caso (A beleza do corpo masculino, apologia da homosexualidade):



Felix Gonzalez-Torres (1957-1996)


Que utilidade terá a estética?
O tema da utilidade é de grande complexidade, uma vez que aquilo que é estético num objecto prende-se precisamente com o seu desinteresse utilitário. Por ex. o elemento estético de um automóvel prende-se com a beleza do se design e não com a sua potência ou segurança.
Kant dirá que a obra de arte é uma finalidade sem fim! A utilidade da estética radica sobretudo na sua inutilidade.
Num mundo dominado pelo imperativo da eficácia das coisas, a estética ainda fará sentido?
A experiência estética permite pôr de parte esse imperativo dominante e ter uma relação original e directa com as coisas, sem a mediação do lado útil, prático, eficaz, valorativo, interesseiro…

A estética é a esperança de uma abertura a um âmbito que é completamente distinto do da nossa vida quotidiana, tal como o próprio ponto de vista filosófico em si que nos remete para um corte com o plano do senso comum
A estética adquiriu autonomia como disciplina filosófica, destacando-se da metafísica, lógica e da ética, com a publicação da obra Aesthetica do educador e filósofo alemão Baumgarten, em dois volumes, 1750-1758.
Baumgarten traz uma nova abordagem ao estudo da obra de arte, considerando que os artistas deliberadamente alteram a Natureza, adicionando elementos de sentimento a realidade percebida.
Assim, o processo criativo está espelhado na própria actividade artística. Compreendendo então, de outra forma, o prévio entendimento grego clássico que entendia a arte principalmente como mimesis (cópia) da realidade.

nAs revoluções artísticas dos dois últimos séculos, ao alargar de tal modo o universo de objectos que passaram a ser catalogados como arte, acabaram por despertar nos filósofos vários problemas que se tornaram o centro das disputas estéticas.
nÉ o caso dos problemas de filosofia da arte como "O que é arte?" e "Qual o valor da arte?",


n   "Toda a gente conhece obras de arte. Encontram-se obras arquitectónicas e pictóricas nas praças públicas, nas igrejas e nas casas. Nas colecções e exposições, acham-se acomodadas obras de arte das mais diversas épocas e povos. Se considerarmos nas obras a sua pura realidade, sem nos deixarmos influenciar por nenhum preconceito, torna-se evidente que as obras estão presentes de modo tão natural como as demais coisas. O quadro está pendurado na parede, como uma arma de caça ou um chapéu. Um quadro como, por exemplo, o de Van Gogh, que representa um par de sapatos de camponês, vagueia de exposição em exposição. Enviam-se obras como o carvão de Ruhr, os troncos de árvores da Floresta Negra. Em campanha, os hinos de Hölderlin estavam embrulhados na mochila do soldado, tal como as coisas de limpeza. Os quartetos de Beethoven estão nos armazéns das casas editoriais, tal como as batatas na cave.
nA obra de arte é, com efeito, uma coisa fabricada, mas ela diz ainda algo de diferente do que a simples coisa é (…). A obra dá publicamente a conhecer outra coisa, revela-nos outra coisa;
nela é alegoria.
nÀ coisa fabricada reúne-se ainda, na obra de arte, algo de outro (…) a obra é símbolo."

nHeidegger, M., A Origem da Obra de Arte, pp. 12-13.

nPara Georges Bataille, a arte é o signo da hominização; Lascaux é o símbolo da passagem do animal ao homem, é «o lugar do nosso nascimento» porque «se situa no começo da humanidade cumprida»; «é o sinal sensível da nossa presença no universo»; «nunca antes de Lascaux atingimos o reflexo dessa vida interior da qual a arte – e só ela –assume a comunicação». As suas declarações têm a força da convicção: «Nenhuma diferença é mais vincada: opõe à actividade utilitária a figuração inútil desses signos que seduzem, que nascem da emoção e se dirigem a ela [...] sentimento de presença, de clara e ardente presença, que nos dão as obras-primas de todos os tempos».
nArte: conceito de recreio, lazer, inutilidade, especificamente humano
(O Nascimento da Arte de Georges Bataille)

EXEMPLO
nO CHIMPANZÉ PINTOR
nDeram-se algumas tintas e papel à Betsy, uma chimpanzé do Jardim Zoológico de Baltimore, com os quais ela criou vários produtos alguns dos quais podem chamar-se pinturas. Ainda que os trabalhos de Betsy não sejam obras primas, elas são inegavelmente interessantes e, à sua maneira, chamativos. Foram expostos no Fiel Museum of Natural History em Chicago algumas peças seleccionadas do trabalho de Betsy. Suponha que, no mês seguinte, aquelas mesmas peças são exibidas no Chicago Art Institute, e que nas duas exposições os trabalhos de Betsy foram muito admirados pelos visitantes
nSerá a arte um fenómeno exclusivamente humano?
nOs animais podem ter capacidade e motivação para as artes plásticas. Basta oferecer-lhes tintas e pincéis que eles, inicialmente, passam a explorá-los e, depois, a manchar telas de modo abstracto quando estas lhes são oferecidas.
nChegaram a comparar na “Folha de São Paulo”, a pintura de Willen De Kooning, um dos grandes pintores do século XX, um notável do abstracionismo à pintura produzida pelo primata.

“Uma obra de arte no sentido classificativo é (1) um artefacto, (2) sobre um conjunto de aspectos do qual foi conferido o estatuto de candidato para apreciação por uma pessoa ou pessoas actuando em nome de uma certa instituição social (o mundo-da-arte).”
   [ Dickie, "What is Art?", pp. 23]


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Na antiguidade - especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino - a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançado identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos.



O objectivo da Estética é descrever e compreender o fenómeno estético nas suas várias dimensões.

A experiência estética é sempre vivida por um sujeito, pode ser comunicada, mas não pode ser transferida, é subjectiva
Esta experiência estética é de cada vez determinada por um contexto cultural: educação, herança cultural, aprendizagem, contexto histórico-social.
Há 2 tipo de sujeito na experiência Estética: artista e espectador
Há 2 tipos de objecto: natureza e obra de arte
A criação envolve: sensibilidade, talento, destreza, originalidade, etc.
A contemplação envolve: capacidades sensoriais, sensibilidade

A experiência estética é marcada pelo desinteresse utilitário
A beleza não está ao serviço de resultados práticos
Possui uma finalidade dentro de si e não fora de si
Não é um meio para atingir um fim, mas um fim em si próprio

ATITUDE ESTÉTICA

Para se compreender o que é Atitude Estética, pensemos no conceito de:



Distância Psíquica:
Colocar um fenómeno fora das nossas necessidades básicas e tentar observá-lo objectivamente.
Trata-se de um estado psicológico necessário para apreciar obras de arte verdadeiramente.
Por exemplo: nO distanciamento psíquio ideal estaria entre estes dois:
1- Perante uma peça de teatro alguém só presta atenção a questões técnicas de encenação/ representação
2- Perante uma cena trágica o espectador sobe para o palco para salvar um personagem em apuros
Não confundir desinteresse com indiferença
Mtos aspectos podem nos distrair de uma atenção desinteressada.
Esta tem de ser imparcial e desligada de aspectos financeiros, interesseiros ou subjectivos.
A atitude estética é um estado de contemplação destituido de vontade, de interesse e de considerações práticas ou quotidianas que pressupõe a existência de objectos estéticos que despertem um tal estado psicológico.

Hegel- tese do Fim da ARTE


nA tese do “fim da arte” foi apresentada por Hegel com vista a distinguir o estatuto da arte na época clássica e a sua função na modernidade. 

nSe as vanguardas se apresentam como uma crítica da arte anterior, as neo-vanguardas, especialmente a arte conceptual, possuem o sentido de uma auto-consciência, de uma reflexão da arte sobre si própria, o que Hegel também havia anunciado.
nNesse sentido, “a determinação suprema da arte é, no seu todo, algo passado”, dado que “a representação peculiar da arte já não tem para nós a imediatez que tinha no tempo do seu apogeu supremo”. Assim, “o ponto de vista daquela cultura onde a arte adquire um interesse essencial já não é o nosso […]; a representação, a reflexão ou o pensamento são agora preponderantes e por isso a nossa época está principalmente orientada para as reflexões e o pensamento sobre a arte” (Estética)
nEm 1969, Joseph Kosuth afirmava que
n“actualmente, ser artista significa interrogar-se acerca da natureza da arte.”