21 novembro 2010

Calíope: Musa da Epopeia e da Poesia Épica



"Musa Calíope" de Cesare Dandini (1595- 1658)








Calíope: Musa da Epopeia, da Poesia Épica, da Eloquência, considerada a mais velha e sábia das nove musas, que tem por missão a inspiração dos seres humanos para que estes se tornem criativos na arte e na ciência.





9ª Lição- 'Fedro' de Platão

FEDRO - Platão(2º Discurso de Sócrates)


O amor é então concebido em função de seu carácter irresistível, e da sua força destemperada.
Desse modo, há uma crítica ao desejo, tornando a potencia de Eros, por definição, condenável ou censurável.
A partir desta crítica ao desejo e ao amor do amante, inicia-se o Segundo Discurso Socrático.


A refutação socrática do discurso de Lísias que condena o amor-paixão e defende um amor sem eros, pretende demonstrar que o delírio e a possessão divina representam antes um benefício ou um dom.
Dádiva dos deuses e fonte de sabedoria, a loucura divina se distingue da loucura vulgar, cuja causa é devida às doenças do corpo.
É da mania divina que provém nossos maiores benefícios: é ela que inspira as profetizas de Delfos e os poetas (244a-245a).

No Segundo Discurso de Sócrates no Fedro, este irá tecer uma série de considerações acerca da Mania, ou loucura inspirada pelas musas.
Neste diálogo desenvolvem o tema do amor e da loucura do apaixonado, que fora de si, fica com o seu entendimento escravo da paixão e incapaz de ser sensato ou racional.

A arte de adivinhar o futuro chama-se maniké, arte delirante
Aqui delírio é uma virtude porque é inspirada pelos deuses
A loucura inspirada pelos deuses é, por sua beleza, superior à sabedoria de que os homens são autores

Sócrates afirma, que ainda assim, há um tipo de Loucura que não resulta num mal, e essa loucura é a que é inspirada pelos deuses.
Ex.: Delírio das profetizas de Delfos
Há uma loucura dessa natureza, que é a loucura inspirada pelas Musas.

245b “Seja quem for que, sem a loucura das Musas, se apresente nos umbrais da Poesia, na convicção de que basta a habilidade para fazer o poeta, esse não passará de um poeta frustrado, e será ofuscado pela arte poética que jorra daquele a quem a loucura possui.”

8ª Lição- 'Íon' de Platão

Íon — pertence ao primeiro grupo dos diálogos de Platão e relata uma conversa entre Sócrates e Íon de Éfeso, um rapsodo muito conhecido em Atenas. Não sabemos a data exacta da composição, mas a partir de diversas informações contidas no texto é possível situá-la entre 394 e 391 a. C.
Diálogo entre Sócrates e Ion, célebre rapsodo (artista popular, declamador de poesia)



Ion é orgulha-se de ser o melhor a declamar Homero
Sócrates indaga o motivo de ser Homero e não outro qualquer
Ion acha que há “qualquer coisa” em Homero que é especial, diferente dos outros
Íon, recém-chegado a Atenas, conta a Sócrates que acabara de vencer o concurso do festival de Asclépio em Epidauro e gaba-se de sua capacidade de declamar e comentar os poemas homéricos. Depois de cumprimentar o rapsodo, Sócrates começa a interrogá-lo (530a-531a).
Sócrates leva Íon a reconhecer que não é pela técnica que se possa aprender que ele é melhor a declamar Homero, mas por uma espécie de paixão que o move e o leva a preferir Homero a todos os outros poetas:

534c- "Sócrates.: Vejo, Íon, que não há uma técnica, mas uma potência divina que te movimenta, como na pedra que Eurípides nomeou Magnética, e que muitos a chamam de Hércules. Essa pedra não só atrai os anéis mesmo de ferro, como os infunde poder de modo a novamente fazê-los ter o mesmo poder que a pedra, isto é, atrair outros anéis,(…) . Assim, a Musa mesma faz os inspirados; e através desses inspirados, outros se entusiasmando, formam uma cadeia. Com efeito, todos os poetas épicos, os bons, não por técnica, mas sendo inspirados e possuídos, dizem todos esses belos poemas. Os poetas líricos, os bons, igualmente; como os coribantes não estando conscientes dançam, assim também os poetas líricos não estando conscientes fazem esses belos versos líricos; e quando entram em harmonia e no ritmo, comportam-se como bacantes e ficam possuídos; tal como as bacantes retiram mel e leite dos rios ficam possuídas e não estando conscientes; e também a alma dos poetas líricos elabora isso, que eles mesmos afirmam. Dizem-nos os poetas, é evidente, que das fontes que vertem mel de certos jardins e bosques das Musas que eles nos trazem seus versos líricos. Como as abelhas, eles assim voam; e dizem verdade.
Leve é coisa do poeta, alada e sagrada; e inicialmente não consegue compor, antes de se tornar inspirado, de ficar fora de si e o pensamento não habita mais nele; até que tenha essa aquisição, todo homem é incapaz de compor e de proferir oráculos. Então, já que não é por técnica que eles fazem e dizem muitas e belas coisas sobre os acontecimentos, como tu sobre Homero, mas por parte divina; cada qual é capaz de compor de maneira bela só naquele género para o qual a Musa o precipitou: este para os ditirambos, o outro para os encómios, aquele para os épicos, o outro para os jambos, e cada um deles é medíocre nos outros géneros. Pois não dizem essas coisas por técnica, mas pelo poder divino portanto, diz: porque se eles soubessem falar bem a respeito de uma delas por técnica, também saberiam falar bem de todas as outras: por isso, o Deus extraindo o pensamento desses usa-os como auxiliares, profetas e adivinhos divinos, a fim de que nós, os ouvintes, saibamos que não são estes os que falam as mesmas coisas assim muito dignas, pois o seu pensamento não está presente, mas é o próprio Deus o comunicante, através deles se comunica connosco. "

Sócrates pensa que o motivo que leva Ion a ser o melhor a declamar Homero, é:
“- Não é um assunto que tenhas aprendido, a falar acerca de Homero, mas antes é um poder divino que te move, como uma pedra magnética move anéis de ferro (…) da mesma maneira com que a musa faz com que algumas pessoas fiquem inspiradas” 534b

“Nenhum dos poetas, se são bons, são donos do seu saber, eles são inspirados, possuídos, e é assim que eles produzem os seus belos poemas.
É uma possessão, eles não estão em si próprios. Um poeta não é capaz de produzir poesia enquanto não estiver inspirado e saia da sua mente e o seu intelecto o abandone. Enquanto a musa tiver na posse do intelecto humano, ele terá sempre o poder de fazer poesia e cantar profecias. Por isso não é através da aprendizagem que eles fazem poemas ou dizem coisas encantadoras, mas porque é uma dádiva dos deuses.” 534b-c
535e
"Sócrates- Deus nos apontou, a fim de que não duvidássemos, que não são humanos estes belos poemas, nem dos homens, mas divinos e dos deuses; e que os poetas nada mais são que intérpretes dos deuses, e cada um é possuído pelo deus que o possuir. O Deus mostrando essas coisas de propósito, através do mais medíocre poeta cantou o mais belo verso lírico: ou não te pareço dizer a verdade, Íon?
Íon: Sim, por Zeus, ao menos para mim! Tocas de algum modo minha alma com esses discursos, Sócrates, parece-me que é por parte divina que os bons poetas interpretam para nós as coisas que estão juntas dos deuses. "

Os Rapsodos passam a ser vistos por Sócrates como os intérpretes dos intérpretes. O deus possuí o poeta e o poeta possuí o rapsodo e este por sua vez possuí a audiência.

534d “Não é a habilidade nem o conhecimento que lhes permite dizer esses versos, mas um poder divino.É por isso que o deus lhe rouba o intelecto enquanto os usa como escravos, tal como faz com os profetas e os adivinhadores. Não é o seu intelecto que nos fala mas o próprio deus que ganha voz através deles”

Sócrates afirma que Íon está possuído pelo espírito de Homero e por isso é que o declama e interpreta tão bem, levando em cadeia o público a ficar extremamente comovido e impressionado como se fizessem parte da cadeia da tal pedra magnética.

536 a-b
Sócrates.: Sabes então que o próprio espectador é o último dos anéis de que eu falava, a receber o poder que, sob o efeito da pedra de Hércules, passa de um para o outro? O do meio és tu, rapsodo e o actor, e o primeiro é o próprio poeta. O Deus, através de todos eles, dirige a alma dos homens para onde quiser, fazendo passar o poder de uns para os outros.

Sócrates vai argumentando com Ion, no sentido de o convencer que ele é bom a declamar Homero, não porque tenha grandes conhecimentos, mas porque está possuído.
Sócrates faz ver a Ion, que o poeta é capaz de falar sobre todo o tipo de temas, mesmo sem saber nada sobre eles

Se o poeta não possuí a técnica sobre tudo o que declama, então é ignorante.
Por exemplo pode declamar versos em que Homero fala de medicina e nada saber sobre medicina. Ou sobre a tarefa de um general e o rapsodo não sabe nada sobre isso.
Como é técnico Íon é um ignorante, mas como poeta é um ser divino.

Sócrates afirma que cada arte tem a sua natureza própria: a arte do médico, a arte do cocheiro, etc.
E questiona-o acerca da arte do rapsodo?
Será que ele domina todas as outras naturezas quando por exemplo Homero fala da arte do médico em alguma passagem da Ilíada? Pag. 81
Íon acha q sabe e domina tudo!
Sócrates mostra-lhe a sua incoerência:
Ele como Rapsodo não pode dominar as outras artes pois a sua arte é diferente dessas.
Depois de ìon cair em contradição, e admite que tem uma sólida cultura geral
Se o poeta não possuí a técnica sobre tudo o que declama, então é ignorante.
Por exemplo pode declamar versos em que Homero fala de medicina e nada saber sobre medicina. Ou sobre a tarefa de um general e o rapsodo não sabe nada sobre isso.


Ion afirma que qualquer poeta tem obrigação de possuir uma sólida cultura geral.
Sócrates pergunta a Ion se qualquer pessoa com uma sólida cultura geral pode ser um bom poeta?
Sócrates conclui que o poeta ou é um ignorante ou é um ser divino!

09 novembro 2010

7ª Lição- "O Banquete" de Platão

https://www.youtube.com/watch?v=Lyi-1xDIcTU&t=9s




"O BANQUETE" - Platão





O Banquete é escrito no formato de uma peça teatral, em que se apresentam no seu cenário personagens importantes como Fedro, Pausaneas, Erixímaco, Aristófanes, Agatón (anfitrião, tragediógrafo, que oferece o Banquete), Sócrates e Alcibíades.
Simpósio significa banquete, onde se janta e bebe e onde habitualmente eram escolhidos temas de interesse para debater como forma de ocupar o tempo. Costumava também haver divertimentos como música e dança. Ambiente de boa disposição e liberdade.

O Banquete é a obra mais dramática, mais próxima do género teatral
Fica definido que neste banquete não haverá excessos com a bebida, uma vez que os convivas se encontram quase todos de ressaca (177d)
Mandam a tocadora de flauta embora e resolvem dedicar-se ao tema do Deus do Amor. Cada um deles fará um elogio ao amor.

FEDRO
Afirma que o Amor é um grande Deus, tanto para os humanos como para os Deuses, é dos deuses mais antigos, cuja origem é duvidosa…
Parece que não teve pais. Segundo Hesíodo o amor nasceu do caos da Terra
Sem amor nada de Belo se pode realizar
É o mais antigo dos Deuses, e o que tem o poder de levar os humanos a atingir acções belas, com mérito, e a felicidade, tanto na vida como na morte.
O amor é o estímulo para conduzir os homens à virtude
PAUSÂNIAS
Defende que há dois tipos de amor, o celeste – nobre e o popular – vil
Discurso acerca da pederastia, que ele considera o amor nobre, com fins educativos, discurso esse, que é interrompido por um ataque de soluços que o faz concluir o discurso

ERIXIMACO
Visão científica do Amor, explicação pré-socrática
O amor é o princípio que se estende a todo o universo
O amor é a concórdia, a harmonia, entre todos os elementos do universo





Diotima de Józef Simmler,1855



ARISTÓFANES - 189d

Numa mini-comédia explica poetica e mitologicamente a origem do amor.
Fala da origem do Amor, como estando na origem dos humanos.
Antigamente havia 3 géneros: macho, fêmea e um terceiro que partilhava as características destes – o andrógino (género então desaparecido)
O género masculino tem origem num raio de sol, o feminino na terra e na lua.
Os seres originais eram poderosos, possuíam tudo a dobrar: 2 pares de pernas, de braços, etc…
Eram seres ambiciosos que começavam a rivalizar com os deuses.


Os Deuses sentiram-se ameaçados e decidiram acabar com a arrogância dos humanos
Zeus decidiu dividi-los ao meio, um por um. Desse corte ficou a marca do umbigo.
As metades naturalmente começaram a procurar as outras metades, abraçando-se com saudades. Assim permaneciam tentando voltar a fundir-se e recusavam-se a fazer fosse o que fosse. Iam definhando e morrendo, metade a metade.
Então Zeus, vendo que a espécie humana corria riscos de desaparecer pensa noutra solução: muda-lhes os órgãos genitais para a frente, e assim como resultado do união entre homem e mulher resultaria a procriação e a perpetuação da espécie.


Quando uma metade encontra essa mesma metade que lhe pertencera, surge uma estranha sensação de amizade, parentesco, amor.
O amor é a aspiração à união, desejo de totalidade
Na nossa natureza primitiva éramos um todo, reduzidos a metades por Zeus.
Este mito pretende explicar de alguma maneira, a sensação de solidão e o desejo de completude que caracteriza o ser humano, como se lhe faltasse sempre uma parte…ou podemos ver aqui a imagem platónica de anseio de um mundo das ideias que a alma já conheceu antes de nascer e pelo qual suspira.
Há também indirectamente um elogio ao amor entre homem e mulher.






AGÁTON- 195b
Discurso elogioso e poético mas evasivo e pobre em contéudo.
O amor é de todos os deuses o mais bem aventurado. Excede todos os outros em beleza e virtude. É o mais jovem dos deuses, por isso o amor é próprio da juventude.
O amor é jovem, belo e justo






SÓCRATES- 199d
A natureza do amor implica que este seja de alguma coisa (intencionalidade)…
De onde provém esse amor? Do facto de possuir ou de não possuir aquilo que se ama?
Do facto de não possuir
Deseja-se aquilo que não se possui: uma pessoa alta não deseja ser alta, uma pessoa saudável não deseja saúde.

Ama-se aquilo que não se possui, aquilo de que se está privado
Então se o Amor é desejo de Beleza, naturalmente não é belo, senão não a desejava.
Então segue-se que o amor é desprovido de beleza e de bem
Sócrates vai reproduzir o discurso de Diotima, mulher muito culta e versada neste e noutros temas.



DIOTIMA- 201e
No Banquete, o amor é um desejo dirigido para o belo (Kalos) e necessariamente envolve a noção de uma necessidade ou falta (endeia)
Através do mito, que teria sido revelado por Diotima, Eros aparece como um grande Daimon, um dos intermediários entre o divino e o mortal, entre a sabedoria e a ignorância.
Eros é o filho do Engenho e da Pobreza

Tal como o amor é intermediário entre o belo e o feio, o imortal e o mortal, também a filosofia é um meio termo entre a ignorância e o saber
O amor existe em função do que é belo
Para quê desejar o Belo?
Para o possuir, para ser feliz
205c
O amor de que falam, é num sentido restrito
A palavra amor, tal como a palavra poesia tem um sentido lato.
Poesia é qualquer forma de criação
Todos os criadores são poetas, mas não chamamos poetas a todos os criadores.
Aqui falam do amor como forma de aspiração ao bem, à felicidade.


O amor é o desejo de possuir o bem para sempre
Qual o género de vida daqueles que perseguem esse objectivo?
Aquele género que gera o belo tanto através do corpo como da alma
Fecundidade do corpo e da alma
Fecundidade do corpo: união entre homem e mulher, geração, forma de imortalidade
O alvo do amor não é o belo mas sim a imortalidade, o acto de perpetuar


É graças ao artifício da procriação que o ser humano participa da imortalidade.
O desejo de imortalidade é a grande aspiração dos humanos, por ex. o desejo de se tornarem célebres, de alcançar uma fama que perdure para sempre
“Cada homem dá o máximo de si na esperança de que um mérito imortal e de um nome glorioso que lhe corresponda” 208d
Uns procuram a imortalidade através dos filhos, outros através dos seus feitos e do seu nome.
Fecundidade do corpo e da alma


Fecundidade da Alma
Há pessoas com uma alma mais fecunda do que o corpo, assegurando a imortalidade através das suas criações
Aqui se incluem não só os poetas, criadores de obras, como ainda no domínio da técnica, todos os artífices dotados de espírito inventivo
Um ser cuja alma participa do divino, possui o impulso de gerar…


Eros é definido como o desejo de que o bem seja nosso para sempre, e também, como a procura por uma natureza mortal, da imortalidade que ele realiza gerando.
Em seguida, continua o relato dos ensinamentos de Diotima, como uma exposição do verdadeiro amor. O concurso dos belos corpos gera belos discursos.
O amante afasta-se de um único corpo e torna-se um amante de todos os corpos belos, daí volta-se para as belas almas, as leis, observações e conhecimento (episteme), libertando-se sempre da ligação ao particular, até que subitamente lhe é revelada a visão da própria beleza, o Belo em si (211c)

Os graus, ou os “degraus” da iniciação à beleza são na realidade três, cada um deles dividido, por sua vez, em dois momentos.
Primeiro o amante afeiçoar-se-á a um corpo belo, então fará belos discursos; depois verá que a beleza de um corpo é irmã da beleza de todos os outros, assim, passará a amar todos os corpos belos.
O segundo degrau permite passar do amor pelos corpos ao amor pelas palavras.

O verdadeiro discípulo de Eros afeiçoar-se-á, num primeiro momento, a uma alma em particular, para depois descobrir a beleza moral, a dos actos, que torna belas todas as actividades e comportamentos humanos.
Já a terceira etapa, o iniciado passará dos actos às ciências. Aqui, também, num primeiro momento será amor das particularidades das ciências para, em seguida, expandir-se num amor pela ciência ou saber em geral, e enfim alcançar a ciência única, a do Belo em si.

Lá subitamente desvenda-se a beleza eterna e única, o Belo em si, e por si, contempla-se a verdade nela mesma, a beleza divina nela mesma, na unidade da sua forma.
A iniciação foi lenta e gradual, contudo, a revelação é súbita e instantânea. Livre da multiplicidade das aparências e das opiniões, a sua existência reside inteiramente na sua essência.

O amor deixa de ser tensão e tendência em direcção àquilo de que ainda estava desprovido.
Este é, não só um momento de êxtase, como também místico, “êxtase” porque o discípulo sai para fora de si na contemplação do belo transcendente; e “místico” porque é uma coisa tão oculta, que só se revela ao fim de uma longa iniciação pela qual poucos passam.


Socrates vai ao encontro de Alcibíades na casa de Aspasia, (1861).





ALCÍBIADES
Ouvem-se pancadas fortes à porta e logo a voz de Alcibíades, já embriagado, se escuta, a saudar os presentes
Discípulo de Sócrates, dono de rara beleza, Alcibíades obteve grandes glórias militares em Atenas, mas viria a morrer assassinado pelo ódio e pela paixão política dos inimigos
Alcibíades tomou a palavra, não só para elogiar a pureza e a grandeza moral de Sócrates, mas também algumas peculiaridades da sua personalidade que intrigavam muitas pessoas
O discurso de Alcibíades é um retrato admirável de Sócrates

Sócrates não é belo nem feio, mas sedutor e encantador; é pobre e tem os pés descalços, mas está sempre em busca de enriquecimento interior
É ingénuo, mas engenhoso, caçador de verdades. Por sua estranheza e pelo mistério que emana de sua personalidade feita de contrastes é, ele mesmo, uma figura daimónica, mediador e traço de união entre os deuses e os homens.
Sócrates como a imagem total do Amor. O elogio a Sócrates representa o coroamento do Banquete

Terminado o Banquete, em que muito se consumiu de comida e de bebida, conta Platão que alguns se retiraram e outros, vencidos pelo sono e pelos excessos, jaziam dormindo profundamente.
Sócrates, continuava a conversar com dois ou três, assim ficou até raiar o dia. Os ouvintes também terminaram por adormecer e Sócrates, levantou-se então, e retirou-se, acompanhado por Aristodemo, que acabara de acordar.mito de Aristófanes (o Banquete)