06 janeiro 2011

14ª Lição - Nietzsche e a essência do Trágico

Nietzsche procura a origem do fenómeno do Trágico.
Defende que a sua origem está ligada a 2 instintos primordiais que norteiam a arte grega: o apolíneo e o dionisíaco
Analisa a Tragédia do ponto de vista puramente estético, rejeitando qualquer conotação moral, política ou religiosa


  • Apolíneo- forma da individuação, equilíbrio, véu da aparência
  • Dionisíaco- Identificação com o Uno Original, Informe, Vitalidade (poder da Vida)
Os dois princípios são opostos mas complementam-se na perfeição no caso da Tragédia grega
O Objectivo central de A Origem da Tragédia é mostrar que os gregos eram afirmativos (apesar de pessimistas) que os seus instintos não eram negados.

E como faziam isto? Através da arte, da música e do mito, todos em sincronia, mas sobretudo, pela vivência de Apolo e Dionísio que eram manifestações fisiológicas da própria natureza, pela qual o grego se regenerava diante do horror da existência.
A dramatização é a manifestação apolínea de forças dionisíacas presentes na tragédia
Para N. a essência do Trágico vem da música, arte que tem a força de reproduzir o que há de primordial e eterno

  • Diónisos- Deus antigo da loucura, da embriaguês, do êxtase, da metamorfose
  • Apolo- Deus da Arte, da música, da aparência

É no Coro Trágico que N. vê a presença do culto a diónisos, também pela sua ligação à música
nN. afirma que foi ele pp quem descobriu o Trágico, mesmo os gregos o desconheciam, e por isso deixaram a Tragédia morrer…. (Ecce Homo)


Defende 3 Mortes da Tragédia:
n1ª- Morte Euripediana (Dialética Socrática)
n2ª- com o Cristianismo
n3ª- Dialética moderna de Hegel e a opera de Wagner


Ao lado de Sófocles e Ésquilo, Eurípedes é considerado um dos grandes tragediógrafos gregos, o último. 
De acordo com estudiosos do período, estima-se que escreveu cerca de 95 peças trágicas. Porém, somente 18 chegaram até à nossa época.
Eurípedes abordou, nas suas tragédias, questões psicológicas humanas, o que se chamou a tragédia dos vencidos, muitas vezes do ponto de vista feminino. A partir de Eurípedes a tragédia perdeu a sua vitalidade e tornou-se anti-dionisíaca.
N. afirma que a tragédia morreu por suícidio e que a sua morte deixou um enorme vazio.
Eurípedes vulgarizou o género dramático e tornou-o “acessível” ao grande público:
“com ele o homem comum deixou o banco dos espectadores e subiu ao palco”
Eurípedes usou estratégias como: pensamentos frios e sentimentos ardentes e abandonou o apolíneo e o dionisíaco.
Eurípedes, para N., não era um artista mas sim um pensador. Não entendia a tragédia dos seus antecessores, e quis “moraliza-la” e torná-la compreensível.  Assim esmagou-a com o peso da razão…. Para Eurípedes o “entender” estava na raiz de toda a fruição estética. Faz depender a obra de arte da compreensão racional - Encontra em Sócrates um poderoso aliado

A antiga oposição frutífera Apolo/ Diónisos vai-se transformar na estéril oposição Sócrates / Diónisos
Sócrates: modelo de homem teórico que vai preponderar por mais de 24 séculos
Para Sócrates a essência da Beleza é o Belo em si, a sua filosofia é optimista, na medida em que defende a possibilidade Crítica à noção aristotélica de Catarse

Ainda que Aristóteles elogie a tragédia, teria ele razão quanto aos motivos desse elogio? 
Isto é, em relação à acção ou ao efeito da arte (catarse) sobre o público? 
 de atingir a essência das coisas.
A filosofia de Sócrates com a sua ideia de Verdade, de Bem, de perfeição das Ideias, vai dominar a metafísica ocidental e será o elemento constituinte do niilismo

Niilismo- Depreciação desta vida com base em ficções como “o outro mundo”, “mundo das ideias” “mundo da bem-aventurança”

Sócrates é o génio da decadência, o tipo de homem teórico, a quem se contrapõe o tipo de homem trágico
Em Sócrates dá-se a seguinte contradição:
Quando a inteligência racional vacila, Sócrates vai buscar apoio a uma voz mitológica, o daimon….
De tempos a tempos Sócrates escutava o daimon como um remorso na sua alma: “exercita-te na música” (Apologia de Sócrates)
O optimismo socrático invadiu a obra teatral de Eurípedes e expulsou dela o elemento dionisíaco-musical.
“só o sábio é virtuoso”
“Tudo, para ser belo, deve ser racional”
Eurípedes introduz o “Prólogo” em que uma personagem aparece a solo e faz uma explicação do que se passou antes e um resumo do que os espectadores irão ver.
Isto para Nietzsche é escandoloso, pois acaba com o suspanse e com qualquer efeito trágico
Para Sócrates a tragédia não traduz a verdade, por isso constitui um perigo e uma má influência para os mais fracos de espírito.
Platão para ser discípulo de Sócrates teve de negar a poesia, e tentando afastar-se dela e dedicar-se com elevação racional à filosofia, fez apenas um desvio para a ela regressar inconscientemente através do seu género literário riquíssimo: o Diálogo platónico






  •   Crítica à noção aristotélica de Catarse

Ainda que Aristóteles elogie a tragédia, teria ele razão quanto aos motivos desse elogio?
Isto é, em relação à acção ou ao efeito da arte (catarse) sobre o público? 

Será que a compaixão e o medo acabariam por ser, como quer Aristóteles, purificados  pela tragédia, de tal modo que o auditório voltaria para a casa com o espírito mais mais calmo? Poderiamos dizer então que as histórias de fantasmas nos tornariam menos medrosos e menos supersticiosos?” , pergunta Nietzsche em Humano, demasiadamente humano. 


O desacordo de Nietzsche em relação a Aristóteles sustenta-se sobre o facto de que a catarse não seria eficaz e reforçaria o que ela se propõe a abolir.
Aristóteles teria errado ao pensar que os espectadores se livrariam de seus medos e compaixões, na medida em que esses afectos logo retornariam.
Nietzsche não considera que a experiência catártica seja de fato vivida pelos espectadores do verdadeiro drama trágico
Nem acredita que a catarse constitua a essência deste género teatral.
A experiência da catarse não é vivida pelos espectadores porque ela não é propiciada pela tragédia.
A experiência suscitada pelo verdadeiro drama trágico é inteiramente outra
O grego não fazia uso das tragédias para se divertir de uma vida sombria e entediante, para encontrar ali um entusiasmo que ele não conheceria em outro lugar, ou para purgar ali uma tendência medrosa ou compassiva.
Muito pelo contrário, ele procurava tragédias porque elas davam um grande prazer estético no sentido de aisthèsis, de sensorialidade, de afectividade
O público grego procurava na tragédia, segundo Nietzsche, uma experiência / vivencia estética; a experiência de sair de si mesmo, não para experimentar uma catarse e permanecer o mesmo, mas para se ver “transformado e transfigurado” por essa experiência. “Nesse estado onde se está ‘fora de si’, nesse estado de êxtase.

05 janeiro 2011

13ª Lição - Aristóteles - Análise de temas da Poética

Poesia é IMITAÇÃO (Mimesis)


1.O que é preciso para que um poema resulte perfeito?
Aristóteles afirma que a epopeia, a tragédia, a ditirâmbica bem como a música da flauta e da cítara, são todas em geral imitações.
Diferem umas das outras porque imitam por meios diferentes, imitam objectos diferentes e por modos diferentes.
Há os que imitam através de cores e figuras – pintura e escultura
A poesia e a música têm em comum o facto de imitarem com o ritmo, a linguagem e a harmonia
Ex. a música usa o ritmo e a harmonia
Ex. a dança usa o ritmo e não a harmonia, e estes imitam com gestos e movimentos os afectos e acções~


2.Os imitadores imitam homens que praticam uma acção, em toda a sua variedade, desde o vício à virtude.
Os poetas imitam homens melhores, piores ou iguais a nós como fazem os pintores.
A imitação varia conforme o objecto imitado
Na poesia, por exemplo, Homero imitou homens superiores
Na Tragédia procura-se imitar homens melhores e na Comédia homens piores
Diferença entre as espécies de poesias imitativas: o modo como se efectua a imitação
Pode ser de forma narrativa, ex. Homero, narra uma história do ponto de vista do narrador, Epopeia
A outra é operando e agindo através do drama, dramaturgia, ex. Tragédia


3.Causas da Poesia:
Há duas causas naturais (físicas) para a poesia:
O imitar é natural ao homem (poeta)
Os homens comprazem-se com o imitado (espectador)
A poesia é um dom natural, faz parte da natureza humana. A poesia nasce do desejo de imitar.
Prova disto é que contemplamos com prazer imagens (representações) de coisas que na realidade contemplaríamos com repugnância e medo. 
Ex. Cadáveres, ou animais ferozes

Um dos motivos é o desejo de aprender, a arte é uma forma de aprendizagem e de conhecimento!
O prazer da contemplação da imagem vem do facto de se saber o que representa (coisa imitada), caso contrário apenas se retira prazer das cores e formas.


Aristóteles ensinando Alexandre o Grande


Aqueles que naturalmente foram propensos à imitação, deram origem à poesia, primeiro das maneiras mais toscas e depois de forma mais cuidada.
Conforme o ânimo de cada poeta, uns imitam acções nobres e outros acções ignóbeis.
Refere Homero como o primeiro grande poeta de género sério, também originando o género dramático e pai da Tragédia.
Aristóteles afirma que Homero traçou as linhas fundamentais para a Comédia, dramatizando o ridículo
A partir de Homero, os poetas começaram a criar poesia segundo os géneros: epopeia, comédia, tragédia. Aos poucos foram-se transformando e aperfeiçoando.
A Tragédia e a Comédia, nasceram do improviso, a 1ª dos solistas do ditirâmbo e a 2ª dos solistas dos cantos fálicos.
Para Aristóteles a Tragédia é uma evolução e dramatização da Epopeia e a Comédia da Paródia. São ambas imitações de homens superiores, em verso. A Epopeia é narrativa e a Tragédia é dramatização.

DEFINIÇÃO de TRAGÉDIA
Tragédia: poesia austera, é para Aristóteles a forma mais estimável de poesia segundo a sua hierarquia
A Tragédia pretende ter a duração máxima de um dia, “período de sol”, Concentração da acção trágica num só dia, para que se atinja a importância de um dia.
Ex. a vida muda de um dia para o outro, passando da felicidade para a infelicidade.
É imitação de uma acção de carácter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada ao longo das suas diversas partes.
Imita-se não através da narração mas através de actores que suscitam o terror e a piedade nos espectadores:

CATARSIS: tem por efeito a purificação dessas emoções.
A Tragédia provoca dois sentimentos contraditórios: por um lado um distanciamento, por outro lado uma identificação com o heroi trágico

A Tragédia é a imitação de uma acção mediante personagens, que agem e se apresentam conforme o seu próprio carácter e pensamento, que por sua vez constituem as causas das acções, dando origem à boa ou má fortuna dos homens.
O Mito: é a composição dos actos, sistema coerente, syndosis
O Carácter: qualidades das personagens
O Pensamento: tudo o que as personagens dizem para manifestar as suas decisões

Faz parte da linguagem ornamentada da Tragédia: o ritmo, a harmonia e o canto numas partes e em outras só o verso (diálogo)
O espectáculo cénico é uma das partes da tragédia, assim como a melopeia (arte de musicar a poesia), e a elocução, forma de declamar, de falar em cena.
O elemento mais importante é o MITO, a trama dos factos, pois a Tragédia é imitação de acções e de vida.
As acções, condicionadas pelo carácter dos personagens, é que conduzem à finalidade da Tragédia


Busto de Aristóteles


Beleza na TRAGÉDIA:
O belo, natural ou artístico, consiste na grandeza e na ordem (justo meio)
Tal como um objecto tem que ter um determinado tamanho para ser apreendido pela visão, também o mito tem de ter princípio, meio e fim
As acções numa tragédia têm de se dar com Verosimilhança e necessidade.
Situação Trágica: o herói trágico

As Tragédias mais belas são as complexas, que imitam casos que suscitem terror e piedade, para conseguir esse efeito trágico é necessário que o herói não seja nem muito bom nem muito mau, mas igual a nós, posição intermediária. O herói cai no infortúnio não por maldade, mas por força de um erro. 
Ex. Édipo

O poeta ou o pintor, tal como qualquer artista que use a imaginação é um imitador, que incide em 3 tipos e objectos: como as coisas são, como parecem que são ou como deveriam ser, através da elocução e de uma série de alterações que são consentidas ao poeta (liberdade artística?)

VIII- Unidade da Acção: unidade histórica e unidade poética
O artista tem de escolher as acções que interessam à obra de forma a que constitua uma unidade coerente

IX- Poesia e História
O poeta não deve narrar o que aconteceu mas sim representar o que poderia ter acontecido, segundo a verosimilhança e a necessidade
A Poesia é mais séria e filosófica do que a História pois refere-se ao universal
Na Tragédia e na Comédia, o poeta tem em vista o universal, os personagens são entidades, tipos

XV – Caracteres – Verosimilhança e Necessidade
Conveniência
Semelhança
Coerência
Tanto na representação de caracteres como no desenrolar da acção tem de haver sempre necessidade e verosimilhança

XVII – Exortações ao Poeta Trágico
O Poeta deve ter em conta o todo da história para evitar contradições, deve por isso colocar-se no lugar do espectador
Os poetas devem experimentar as emoções e gestos das personagens, quanto mais genuinamente o poeta viver a história, mais verosímil é o resultado
Poetar é uma actividade própria de ânimos exaltados e bem dotados, que se deixam arrebatar pelo êxtase (furor)




4. Para Aristóteles um poeta é tanto melhor quanto conseguir apagar-se a si próprio, dando voz às suas personagens de forma verosímil, expressando o seu carácter, seja homem ou mulher (como por exemplo fez muito bem Homero)
Aristóteles defende que um bom argumento deve afastar-se do irracional: “de preferir às coisas possíveis mas incríveis, são as coisas impossíveis mas críveis.”
O poeta ou o pintor, tal como qualquer artista que use a imaginação é um imitador, que incide em 3 tipos e objectos: como as coisas são, como parecem que são ou como deveriam ser, através da elocução e de uma série de alterações que são consentidas ao poeta
É importante que o poeta escolha sempre o verosímil.
Se a sua escolha for o irracional ou o impossível, só o deve escolher quando não tem outra opção (ex. cenas mitológicas – cenas de tragédias com deuses ou heróis)
O poeta deve evitar a contradição, o absurdo, a maldade gratuita, e a quebra das regras da arte

A Tragédia supera a Epopeia
Aristóteles lembra que é vulgar afirmar a superioridade da Epopeia face à Tragédia, uma vez que esta se dirige a um público mais elevado e culto, enquanto a Tragédia se dirige a um público mais rude, tal como toda a arte dramática.
Aristóteles critica esta censura, afirmando que mesmo que assim fosse esta crítica não caberia ao poeta mas sim aos actores
Reconhece que se os actores gesticulam demais caem no ridículo
A Tragédia não precisa de ser dramatizada para atingir o seu objectivo, também pela leitura o pode atingir
Mais ainda a Tragédia supera a Epopeia pois contém tudo o que a Epopeia tem e mais, possui música e espectáculo cénico
Possui grande evidência representativa quer em simples leitura quer em cena



(Fim da análise /resumo da obra)
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MIMESIS:
Mimesis – é natural ao ser humano desde a infância
Imitação, representação
A Mimesis é natural e agradável porque é uma forma de conhecimento, aprendizagem, e o ser humano deseja naturalmente aprender (Metafísica,I.1)
A mimesis artística, por exemplo desenho, traz mais conhecimento sobre o objecto desenhado, ao fazer os seus contornos, do que a sua mera observação.
Mimesis é a imitação de uma acção, é uma selecção activa de representação (enquanto que para Platão era passiva, como se toda a arte fosse como uma fotografia)
Para Aristóteles não se trata da Mimesis de Ideias Universais, mas pode ainda assim revelar algo de universal, que leva à identificação entre os espectadores e a história do herói trágico e seus sentimentos

ESTÉTICA em Aristóteles:
Aristóteles justifica a Poesia pelos seus efeitos éticos e pedagógicos.
Os efeitos éticos da Tragédia descendem dos efeitos artísticos.
Define regras para a poesia que não são moralistas como em Platão
Não há muitas referências ao termo “Beleza” no sentido estético
Aristóteles incluiu a vida artística no tipo de vida contemplativa (Theoria) tal como os filósofos, os cientistas e os políticos
Aristóteles reconhece a autonomia das artes, em especial da Poesia e a sua ligação à Moral e à Verdade
A verdade artística pode ser diferente da realidade e ainda assim ter valor, por vezes o critério da verdade não é aplicável à arte como por exemplo na música ou certos casos de artes visuais
Aristóteles colocou de parte o conceito de Beleza e dedicou-se ao conceito de Arte
Arte, tékné, é uma actividade humana, cuja forma está na alma e tem a sua causa no autor e não nela mesma
A Arte é uma actividade humana que se prende com a Produção
Uma pintura é o produto da pintura
Toda a arte é produção mas nem toda a produção é arte
Tem de ser uma produção consciente e baseada em conhecimentos
A habilidade do artista depende dos seus conhecimentos e do cumprimento das regras da arte, respeito pelos métodos
Aristóteles é o primeiro a associar Arte e Conhecimento
Não só a arte produz conhecimento, como se fundamenta em conhecimentos
A habilidade do artista é alcançada através da prática
Tal como todos os gregos, Aristóteles defende a importância da aprendizagem
Mas a aprendizagem por si só, não ajudará quem não tiver um talento inato
Aristóteles defende que:
A artes ou complementam a natureza naquilo que ela não é capaz de produzir
Ou imitam a natureza naquilo que ela criou


CATARSE;
Partes da Tragédia: é a mimesis de uma acção com certa magnitude, através da linguagem embelezada, e da Catarse das emoções: medo e piedade.
Catarse é um termo enigmático, que Aristóteles não chega a definir totalmente
Na sua obra Política VIII, fala da Catarse provocada pela música e pela poesia, mas não chega a desenvolver o conceito
A Catarse está ligada à vivência de sentimentos como a piedade e o medo, sentimentos despertados pelos caracteres dos personagens.

Catarse é um termo que está associado a “Limpeza”, “Purificação”, “Purgação”, como um termo médico, naturalista que será associado à Psicologia
Catarse é uma clarificação das emoções através do treino das mesmas
Para Aristóteles a vivência destas emoções provocadas pela Tragédia e que levam à Catarse, é saudável e positiva eticamente, ao contrário de Platão, que vê nestas emoções um grande perigo para a educação.
Em Platão o termo Catarsis ocorre em Fedro, 243 a,
Na Política, Aristóteles fala de Catarse como um apaziguamento da alma e como clarificação (conhecimento)
A Catarsis é a clarificação das emoções, ou o conhecimento das mesmas

03 janeiro 2011

13ª Lição - Aristóteles - Poética

Aristóteles (Αριστοτέλης) nasceu em Estagira, na Calcídica (384 a.C. - 322 a.C.). Filósofo grego, discípulo de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico.
Aristóteles prestou contribuições fundamentais em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, estética, política, física, metafísica, lógica, psicologia, retórica, zoologia, biologia e história natural.


Escola de Atenas por Rafael Sanzio, pormenor Platão e Aristóteles



A Poética é a obra de Aristóteles mais lida e analisada.
Poética num sentido mais vasto significa artes úteis e belas artes por oposição às ciências da natureza e às questões ligadas à sobrevivência.
Aqui Poética tem um significado mais restrito: género de Imitação
Poesia é a arte que imita por intermédio da voz e o som.

A Poética é um conjunto de anotações sobre a poesia e a arte.
Foi editada na parte final da vida ao autor e desenvolve sobretudo os conceitos de imitação e catarse associados à Tragédia Grega.

A obra divide-se em duas partes. A primeira apresenta o conceito de poesia como imitação de acções. A segunda parte da Poética, a mais extensa, estuda a tragédia, uma das espécies ou géneros da poesia dramática, e faz a comparação da tragédia e da epopeia.







Busto de Aristóteles
Cópia romana de uma escultura de Lísipo


A Poética de Aristóteles é a obra que mais influenciou a estética, tanto no sentido de filosofia da arte, quanto no sentido de produção reflectida da obra de arte.
A Poética de Aristóteles, em que o filósofo analisou o modo de ser e proceder da epopeia e da tragédia, no primeiro livro, e da comédia e da sátira, no segundo livro (o que foi perdido), é a obra teórica mais estudada pela estética e filosofia da arte, de todos os tempos.
A obra teve grande influência na teoria literária e na oratória até à Antiguidade tardia, passou pelas tradições culturais helenistas e árabes enquanto era posta de lado pela Europa medieval, até que, editada e impressa no final do séc. XV e início do séc. XVI (a edição veneziana de Aldo Manuzzio), passou a ser leitura obrigatória em todas as escolas de arte europeias, principalmente as italianas
Acontece que, paralelamente, no Renascimento italiano, pela primeira vez, a pintura e a escultura passaram a ter um status social de arte liberal equivalente ao das artes poéticas.
Nesse momento, a recepção da Poética ampliou o que Aristóteles dizia sobre as artes literárias, para aplicar-se à reflexão também das demais artes, inclusive as artes plásticas, que não estavam na preocupação original do filósofo
A Poética de Aristóteles, desenvolve um conceito de poesia como imitação de acções , que  se afasta, ou mesmo contrapõe, ao de Platão, (Livro III e X, A República).
A arte poética em Aristóteles requer operadores directos, agentes ou personagens, enquanto em Platão exige (apenas) recitadores.
A imitação aristotélica, processando-se por meios, objectos e modos diferentes, não se confunde, porém, com cópia ou reprodução fiel da realidade, aspirando antes a ser uma criação autónoma.