15 maio 2014

2ºS. 12ª Lição- Schopenhauer

Arthur Schopenhauer
(nasceu em Danzig, a 22 de Fevereiro de
1788 — morreu em  Frankfurt, a 21 de Setembro de
1860) 



lO Mundo como Vontade de Representação

l“Tudo o que existe, existe para o pensamento, Isto é, o universo inteiro apenas é objeto em relação ao sujeito, percepção apenas, em relação a um espírito que percebe, é pura representação (…). Tudo o que o mundo encerra ou pode encerrar está nesta dependência necessária perante o sujeito, e apenas existe para o sujeito. O mundo é representação.”

l“A Vontade é auto-discórdia, uma fome eterna que se alimenta de si mesma. Como nunca pode ser satisfeita, ela é a causa de toda a dor; como não tem finalidade, ela nunca encontra a paz.”
lPara Schopenhauer a vida é sofrimento, algo insuportável.
A única saída é o asceticismo, dos budistas e dos santos, ou a arte.
Pela contemplação estética temos a possibilidade de escapar da dor.
Olhar o mundo à distância, esquecê-lo por alguns minutos através do prazer estético.
Um paliativo, um bálsamo, um calmante para os desgostos e infortúnios da existência.

Todo desejo nasce de uma necessidade, de uma privação, de uma carência, de um sofrimento. Satisfazendo-o acalma-se; mas embora se satisfaça um, quantos permanecem insaciados! O desejo dura muito tempo, as exigências são infinitas, o gozo é curto
E mesmo esse prazer uma vez obtido é apenas aparente: sucede-lhe outro

l[...] é necessidade, carência, logo, sofrimento, ao qual consequentemente o homem está destinado originariamente pelo seu ser. Quando lhe falta o objecto do querer, retirado pela rápida e fácil satisfação, assaltam-lhe vazio e tédio aterradores, isto é, seu ser e sua existência mesma se lhe tornam um fardo insuportável. Sua vida, portanto, oscila como um pêndulo, para aqui e para acolá, entre a dor e o tédio (Schopenhauer, Mundo Como Vontade e Como Representação, § 57).



Podemos ser levados por um momento ao mais íntimo de nosso ser que:
Nos livra o espírito da opressão da vontade, nos desvia a atenção de tudo que a solicita, e as coisas nos aparecem desligadas de todos os prestígios da esperança, de todo o interesse próprio, como objectos de contemplação desinteressada, e não de cobiça; é então que esse repouso, procurado baldadamente nos apresenta e nos dá o sentimento da paz em toda a sua plenitude.”
O juízo estético em Schopenhauer, ao contrário de Kant, é objectivo pois é o que nos permite o contacto com as ideias.
O sujeito que consegue contemplar as ideias estéticas é o génio, que quebra a força da Vontade e do interesse e se coloca numa posição de objectivação desligado do teatro das aparências.
A ideia para Shopenhauer é a objectivação da Vontade e não ideia como arquétipo (Platão) Quem contempla as ideias não é já o indivíduo natural, sujeito às exigências da vontade, mas o puro sujeito, o “puro olho do mundo”.
O génio é a atitude de contemplação das ideias no seu grau mais elevado
É pura intuição, o oposto da abstracção
É contemplação pura e desinteressada
A arte expressa e objectiva a essência das coisas. E, precisamente por isso, ajuda-nos a nos afastarmos da vontade.
O génio capta as idéias eternas e a contemplação artística mergulha nelas, anulando aquela Vontade que, tendo optado pela vida e pelo tempo, é somente tédio e dor.
Para Shopenhauer o Génio é um ser raro, uma extravagância, uma excepção.
Este autor é influenciado pelas correntes da Antiguidade que falam da Inspiração como uma loucura boa ou divina.
Para Schopenhauer a causa da Genialidade é uma rara ou anormal disposição interna.
O génio não é o médium possuído pela divindade, mas é o intérprete da Vontade, tal como em Kant o génio é o favorito da Natureza

O Génio tem o privilégio de contemplar as ideias e se libertar temporariamente da Vontade particular.
O alheamento do seu ego e o esquecimento dos fenómenos mundanos faz com que a sua existência acarrete um grande sofrimento
A vida do génio é trágica, pois devido ao enorme sofrimento acaba muitas vezes por enlouquecer
Tem também a tendência para a solidão, pois os homens comuns não o podem entender.
lO que salva o génio do isolamento ou solipsismo total é que todos os homens comuns também têm em menor grau a possibilidade de se desligarem da vontade através da arte, ou seja da produção do génio.



Nota, para leitura: 

http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/representacao3.pdf
(Ler o §36)
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/download/1677-2954.2012v11nesp1p31/22939