lEm “Poder do Horror, um ensaio sobre a
Abjecção”, Kristeva aproxima o abjecto do sublime sem os distinguir
escrupolosamente.
lO abjeto é apresentado como uma manifestação do
que há de mais primitivo na nossa psique, que tem
origem num recalcamento originário, anterior ao surgimento do eu:
“o abjeto não é o objeto, é uma espécie de
primeiro não-Eu, uma negação violenta que instaura o Eu; trata-se, em suma, de
uma fronteira” .
O abjeto é a manifestação de uma violenta cisão–
assim como o sublime é um sobre-sentido que nos escapa.
sublime e abjeto
são dois conceitos que lidam com o inominável e com o sem-limites.
Enquanto o sublime remete para o exterior, para
o infinito, o abjeto está relacionado ao corpo, com a interioridade, com a
natureza mais primitiva.
Ambos são conceitos ambíguos que nos abalam e
transtornam.
“O cadáver, visto sem Deus e sem ciência é o cúmulo da
abjecção. É a morte a infectar a vida.” (Kristeva,
1982, p. 4)
Esta experiência pode relacionar-se com um
sentimento transgressor e paradoxal de prazer e dor que Kristeva relaciona com
o conceito de Lacain Juissance, um tipo de prazer transgressor que se relaciona
com o sofrimento
O Abjecto tal como o Sublime é paradoxal,
relaciona-se com forças antagónicas:, elevação e rebaixamento, prazer e dor, Eros e Thanatos.
As imagens do horror captam um “interesse
lascivo”, já que imagens de coisas repugnantes também podem seduzir e muitas
pessoas sentem desejo de ver o horrível, ou o abjecto.
“Chamar tal desejo de mórbido”, diz Kristeva,
“sugere uma aberração rara, mas a atracção por essas imagens não é rara e
constitui uma
“fonte permanente de tormento interior”
Podemos questionar o que é que une o sublime e o
abjecto com tanta força, mas ao mesmo tempo, exige que eles habitem em
campos opostos da imaginação humana?
a relação Abjecção / Sublime é
inexplicável; há uma dificuldade em
expressar por palavras por conceitos;
Mas nunca estamos realmente em perigo real.
Nós não passamos de espectadores e observadores
seguros e passivos