12 maio 2011

2ºS. 11ª Lição- KANT: O Génio; O Sublime

RELAÇÃO Génio e GOSTO 



  • Para o julgamento de objectos belos requer-se o gosto
  • Para a produção de tais objectos requer-se o génio

  • O belo natural é uma coisa bela.
  • O belo artístico é uma representação bela de uma coisa.

No julgamento do belo artístico são tomados em consideração a perfeição da coisa enquanto fim da arte.

  • O gosto é uma faculdade de julgamento
  • O génio é uma faculdade produtiva


Pode haver coisas belas que o gosto ajuíza, mas que não têm génio!

Espírito
Uma poesia pode ser bela e graciosa mas sem Espírito…
O que quer isto dizer?
Espírito (Geist) em sentido estético significa, o princípio vivificante do Ânimo (Gemüt)
É a faculdade da apresentação das ideias estéticas.

Ideia estética é a representação da faculdade da imaginação que dá muito que pensar, sem que nenhum pensamento ou conceito definido se lhe possa adequar
A faculdade da imaginação cria as ideias estéticas
A faculdade da imaginação é criadora
Por outro lado, os atributos estéticos e lógicos presentes numa arte bela, numa obra de arte impulsionam a imaginação dos que a observam.
O génio reúne as faculdade da imaginação e do entendimento.
O génio consiste na feliz relação que nenhuma ciência pode ensinar e que nem com esforço se pode aprender, de encontrar a expressão pela qual o se vivifica o espírito.
Génio é originalidade, dom natural
É um exemplo não para a imitação, mas para a sucessão por outro génio.
Em Kant a evolução da História da Arte, não se dá como por exemplo na História das Ciências, onde há uma certa continuidade.
Na História da arte a evolução dá-se com grandes rupturas, pois a criação artística é obra do génio e por isso morre com ele.
A obra do génio pode apenas despertar noutro génio a sua originalidade, nunca a imitação.Unicamente ao génio é permitido uma certa deformidade na obra: unicamente num génio esta coragem é mérito, e uma certa audácia na expressão e um desvio da regra comum fica-lhe bem.
Num artista medíocre essa deformidade é apenas erro, falta de domínio da técnica

A contemplação da obra do génio desperta para o sentimento da sua própria originalidade, exercitando na arte uma liberdade em relação à coerção das regras
O génio é um favorito da natureza e a sua aparição é rara.






SUBLIME:






Turner, Tempestade de Neve, 1842

Turner criou uma composição dinâmica que envolve o espectador numa relação subjectiva com a tempestade.
O mundo femenológico da experiência do Sublime apresenta esta cena como um majestoso sublime dinâmico e natural da qual o espectador passa a fazer parte.







Conceito anti-clássico associado à grandiosidade e transcendência. Com ele dá-se, por exemplo, a transição do neoclassicismo para o romantismo, ocupando um local central na estética do século XVIII.
Foi primeiro usado como um termo retórico, dizendo respeito a determinadas qualidades que uma obra literária teria que possuir para levar o leitor ao êxtase e os seus pensamentos a um plano mais elevado.
A ideia de Sublime associa-se mais à natureza do que à Arte
Aqui privilegiam-se o informe, o grandioso, o tremendo
A arte pode representar de modo belo, o terrível, o assustador
O Sublime opõe-se a Belo
Kant afirma que o “sublime” pode ser intuído da natureza, pois esta fornece objectos incomensuráveis e o sublime é o que se apresenta como absolutamente grande.
Mas esse sublime é limitado pois na verdade ele reside na razão que domina essa natureza.

CFJ- Cap. 23-29
Na filosofia de Kant, o sublime é uma mistura de prazer e dor que se sente quando se está face a algo de grande magnitude.
Pode-se ter uma ideia de tal magnitude, mas não se consegue fazer igualar essa ideia com uma intuição sensorial imediata. Isto deve-se ao facto de os objectos sublimes ultrapassarem as capacidades sensoriais.

23- O Belo tal como o Sublimo aprazem por si próprios.
Os juízos acerca do Sublime são também universalmente válidos para cada sujeito
Reivindicam um sentimento de prazer e não um conhecimento
O Belo da Natureza diz respeito à sua forma, que consiste na sua limitação
O Sublime ao contrário diz respeito ao informe, uma ilimitação.

Belo: proporciona um prazer desinteressado;
finalidade sem fim (objectivo);
regularidade sem lei
Goza-se uma coisa bela sem a querer possuir; é vista como se fosse organizada para um fim, mas o seu único objectivo é a auto-subsistência; é regra para si própria
Ex. As flores são Belas
“Sublime é aquilo em comparação com o qual, tudo o mais é pequeno”, pág. 144
“O que deve denominar-se sublime não é o objecto, mas sim a disposição do espírito através de uma certa representação que ocupa a faculdade de juízo reflexiva.”pág 145
“Sublime é o que somente pelo facto de poder também pensá-lo prova uma faculdade do ânimo que ultrapassa todo o padrão de medida dos sentidos.”pág, 145



Sublime MATEMÁTICO:
25- Sublime é o que é absolutamente grande, mas é grande no sentido em que está acima de toda a comparação.
O exemplo do Sublime Matemático é o Céu Estrelado:
Parece que o que vemos supera a nossa sensibilidade, e leva-nos a imaginar mais do que vemos. A nossa razão (faculdade que concebe as ideias) postula um infinito que não só os nossos sentidos não conseguem perceber, como nem a imaginação consegue. Nasce um prazer inquieto e negativo que nos faz sentir a grandeza da nossa subjectividade, capaz de querer algo que não pode ter.
“Na representação do sublime na natureza o ânimo sente-se movido, já que no seu juízo estético sobre o belo ele está em tranquila contemplação. Este movimento pode ser comparado (principalmente no seu início) a um abalo, isto é, a um repelir rapidamente variável e a um atrair do mesmo objecto. O excessivo para a faculdade da imaginação é por assim dizer um abismo, no qual ela própria teme perder-se…”


Friedrich – O Monge à beira mar – 1808





Sublime DINÂMICO:
A natureza julgada dinamicamente como sublime, suscita medo. A natureza é vista como objecto de medo.
No terror é impossível encontrar comprazimento, ninguém procura situações de terror e muito menos retiraria daí comprazimento estético.
É necessário que nos encontremos numa posição de observadores, em segurança, com calma, contemplação…

“Rochedos audazes, nuvens de trovões acumulando-se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, vulcões na sua inteira força destruidora, furacões deixando para trás devastação, o ilimitado oceano revolto, uma alta queda de água de um rio poderoso, etc, tornam a nossa capacidade de resistência de uma pequenas insignificante em comparação com o seu poder. Mas o seu espectáculo só se torna tanto mais atraente, quanto mais terrível ele é, contanto que, somente, nos encontremos em segurança e de bom grado denominamos estes objectos sublimes, porque eles elevam as forças da alma sobre a sua medida média e permitem descobrir em nós uma faculdade de resistência de espécie totalmente diversa, a qual nos encoraja a medir-nos com a aparente omnipotência da natureza.” CFJ cap.28, pag 158






Turner – Os Pescadores e o mar - 1796

“Pescadores e o mar” foi uma pintura a óleo que Turner expôs no Royal Academy.
É uma cena de luar, que estava na moda no século XVIII, os assuntos nocturnos e a noção de Sublime (Kant), transmitem o poder esmagador da natureza.
As rochas em silhueta à esquerda representam Freshwater Bay, na Ilha de Wight, a sua aparência entretanto mudou, devido à erosão.






“Assim como encontramos a nossa própria limitação na incomensurabilidade da natureza e na insuficiência da nossa faculdade para tomar um padrão de medida desproporcionado à avaliação estética de tal grandeza, contudo também ao mesmo tempo encontramos na nossa faculdade da razão, um outro padrão de medida não sensível, e em confronto com o qual tudo na natureza é pequeno. Encontramos no nosso ânimo uma superioridade sobre a própria natureza na sua incomensurabilidade: assim também a irresistibilidade do seu poder nos dá a conhecer, enquanto entes da natureza, a nossa impotência física, mas descobre-se ao mesmo tempo uma faculdade de julgar-nos como independentes dela, e uma superioridade sobre a natureza.”

A Natureza convoca em nós a nossa força para considerar como pequeno tudo aquilo que nos preocupa (bens, saúde, vida)”

“Portanto a Natureza, aqui chama-se sublime simplesmente porque ela eleva a faculdade da imaginação à apresentação daqueles casos nos quais o ânimo pode tornar capaz de ser sentida a sublimidade própria do seu destino, mesmo acima da natureza.”









A Sublimidade não está contida em nenhuma coisa da natureza, mas somente no nosso ânimo, na medida em que podemos ser conscientes de ser superiores à natureza. Sublime é o sentimento suscitado pela natureza em nós.
Perante a incomensurabilidade da natureza, e perante a nossa incapacidade de avaliar esteticamente tamanha grandeza, ao mesmo tempo encontramos na nossa faculdade da Razão, um outro padrão de medida não sensível, que possui a ideia de Infinitude, e através da qual conseguimos encontrar no nosso ânimo uma superioridade sobre a própria natureza na sua incomensurabilidade.
Dependentes da natureza enquanto criaturas, damo-nos conta da nossa impotência física
Dá-nos ao mesmo tempo uma faculdade de nos ajuizarmos como independentes dela, numa superioridade sobre a natureza.

Um exemplo de sublime, para Kant, seria uma montanha. Pode-se ter ideia de uma montanha, mas não intuição sensorial dela como um todo. Sentimos dor pelo facto das nossas faculdades não conseguirem apreender o objecto, mas sentimos prazer também na tentativa de o fazermos.
Outro exemplo de Sublime é a contemplação do céu estrelado, somos levados a supor um infinito que a nossa sensibilidade não consegue apreender (S. Matemático)
Kant dá também o exemplo de uma tempestade, aqui o nosso Ânimo é sacudido pela impressão de uma força infinita.
(S. Dinâmico)

Todas têm em comum o facto de reduzirem a nossa existência à pequenez e fragilidade da condição humana - ex: obras de H.P.Lovecraft

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